sábado, 16 de fevereiro de 2013

NOTÍCIAS DA IGREJA;160213


Cardeal de Gana 

Um dos favoritos para suceder Bento XVI, segundo as previsões das casas de apostas, o cardeal Peter Turkson, de Gana, disse que seu maior desafio, se for ele eleito ao cargo, será manter uma doutrina católica ortodoxa e "ao mesmo tempo saber como aplicá-la sem se tornar irrelevante em um mundo onde acontecem mudanças contínuas".

Em entrevista ao jornal britânico "The Daily Telegraph", o cardeal que pode se tornar o primeiro papa negro da história da Igreja Católica demonstrou sua visão conservadora sobre o casamento gay e outros "estilos de vida alternativos".

"Precisamos encontrar maneiras de lidar com os desafios impostos à sociedade e à cultura", disse ele, acrescentando que a Igreja precisava "evangelizar", ou converter, os que tinham abraçado "estilos de vida alternativos, tendências ou questões de gênero". Ele acrescentou: "Nós não podemos falhar em nossa missão de fornecer orientação".

Polêmicas

O cardeal Peter Turkson causou controvérsia no passado recente por insistir que os preservativos não eram a solução para prevenir o HIV.

O religioso declarou ter refletido sobre o enorme fardo pessoal de se tornar o líder da Igreja Católica. "Se eu fosse eleito, seria um sinal de uma série de mudanças. Vai ser uma experiência de mudança de vida e eu acho que é o que tem sido para Bento e aqueles que foram antes de nós", refletiu o clérigo, defendendo uma restauração da imagem do Vaticano.

Brasil quer papa moderno e aberto

Para o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, o novo papa tem que estar preparado para enfrentar os desafios da "pós-modernidade" FOTO: FUTURA PRESS

Rio de Janeiro Mais do que um papa latino-americano, a Igreja Católica precisa de um pontífice mais jovem, moderno e aberto ao diálogo, que contenha a sangria de fiéis na região que conta com a metade dos católicos do mundo, onde os evangélicos não param de crescer, avaliam "papáveis" e teólogos brasileiros.

O Brasil é o país com mais católicos do planeta, mas há várias décadas o número está em franca queda e existe o temor de que ocorra aqui e na região o mesmo que na Europa, onde os seminários de formação de sacerdotes estão quase vazios.

Quem será o encarregado de guiar a Igreja Católica, sacudida pela crise de denúncias de pedofilia, escândalos de corrupção e uma crescente concorrência, após a surpreendente renúncia - a primeira de um papa em seis séculos - de Bento XVI, um férreo defensor da ortodoxia?

"Pouco importa se o próximo papa for brasileiro, filipino, embora dificilmente seja um não europeu. Quero um homem aberto ao diálogo com o mundo moderno, ao diálogo inter-religioso. A Igreja Católica mantém vestígios medievais, não chegou à modernidade e tem dificuldades com o mundo digital", disse o sacerdote dominicano e escritor Frei Betto. Para o teólogo, o futuro papa deve derrubar os tabus sobre temas como o celibato dos sacerdotes, o sacerdócio das mulheres, o casamento entre homossexuais, o uso de preservativos e também o aborto em certas ocasiões.

Outro frei dominicano, o francês Henri Bourin des Roziers, que mora em um povoado isolado da Amazônia brasileira e defende os camponeses sem terra da região, pediu "o fim do grande teatro de luxo, de escândalos" do papa e que o novo pontífice "deixe de viver como um príncipe, que mude de vida e tenha uma vida de simplicidade". "O essencial é que seja um homem de diálogo com o mundo exterior e dentro da Igreja", disse.

Um dos líderes da Teologia da Libertação, Leonardo Boff, também disse esperar que o novo pontífice crie uma atmosfera mais aberta, dialogando com a cultura moderna.

Para o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, um dos 118 cardeais cotados para suceder Bento XVI e um dos cinco "papáveis brasileiros", o novo papa tem que estar preparado para enfrentar os desafios da "pós-modernidade". Já o arcebispo emérito de São Paulo, dom Claudio Hummes, avalia ser necessário eleger um papa mais jovem do que Bento XVI, de 85 anos, que anunciou a saída "por falta de forças". Para ele, por volta de "65 anos seria uma boa idade".

Fiel escudeiro não deixará o mestre

O fiel escudeiro do papa Bento XVI não abandonará seu mestre. O arcebispo alemão Georg Gänswein continuará sendo secretário pessoal do pontífice e também se mudará para Castel Gandolfo após a renúncia do papa, em 28 de fevereiro. Num segundo momento, ambos passarão a morar no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, que atualmente passa por reformas para receber os novos habitantes. A imprensa italiana destacou que, em meio a crises e traições, o alemão foi um dos principais aliados de Bento XVI.

Há poucos meses nomeado pelo papa também prefeito da Casa Pontifícia, ou seja, responsável pela organização dos eventos e audiências papais, Gänswein faz parte de um estreito grupo de pessoas que lida com o pontífice no cotidiano - nas refeições e nos aposentos, por exemplo. Além dele, também outros funcionários que serviram Bento XVI nos últimos oito anos, a chamada "família pontifícia" ou "memores", devem acompanhá-los na mudança.

De acordo com o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, o arcebispo Gänswein manterá ambas as funções mesmo após a eleição de um novo papa. Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de Gänswein ser um meio de influência de Bento XVI no governo do sucessor, Lombardi negou. "Como prefeito da Casa Pontifícia ele tem uma função de governança", declarou. "Tem uma série de competências práticas, sobre logística e organização de audiências. Não é um problema".

Gänswein, de 56 anos, trabalha com Joseph Ratzinger desde quando o atual papa ainda era cardeal, na Congregação para a Doutrina da Fé, órgão que fiscaliza desvios teológicos e nos fundamentos da Igreja.  

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